Não aos emprestados!

à(s) 02:18

terça-feira, 28 de abril de 2009


Os jogadores emprestados sempre estiveram envoltos em muita polémica. Por todas as razões. Porque se jogavam contra o seu 'clube-mãe' as suas performances eram questionadas. Porque se marcavam um golo a esse mesmo clube ou realizavam uma grande exibição, a verdade desportiva estaria pretensamente adulterada, porque o emprestado contribuía para um resultado menos positivo do clube que lhe pagava pelo menos parte do salário. E porque se não jogassem estariam a enfraquecer o clube que defendiam na época em questão. Porque serão à partida mais valias que dotam a equipa de soluções importantes e que não jogando, as privam de rotinas adquiridas ao longo da época.

Pela última razão, regulamentou-se que, aquando da celebração do contrato de empréstimo, não seria permitido impedir o jogador de defrontar o seu 'clube-mãe'. Contudo, hoje em dia continuam a assistir-se a demasiadas coincidências para acreditar que não existam acordos ocultos sobre esta matéria.
A solução para uma prova mais justa e competitiva passa pelo impedimento dos empréstimos entre clubes da mesma divisão. Assim fosse, as constantes desconfianças seriam evitadas. Sobre a performance dos jogadores, sobre a veracidade de determinadas lesões, mesmo sobre opções de treinadores.

O próprio processo de empréstimo é revertido de alguma concorrência desleal, que deve ser banida. Vejamos na óptica dos clubes mais pequenos: regem-se por orçamentos restritos, curtos, decorrentes de gestão apertada, de resultados desportivos anteriores, de melhores encaixes financeiros decorrentes das vendas. Contudo, alguns deles conseguem, através de relações privilegiadas com clubes maiores, chegar a jogadores pretensamente com maior qualidade, colocando-se em teoria, num patamar qualitativamente superior ao dos adversários mais directos. Sem méritos desportivos ou de gestão, aparentes.

Empréstimos de jogadores são um processo demasiado nebuloso. Eles serão importantes para os jogadores mais jovens, no sentido de transitar das camadas jovens para o futebol profissional, mas nesse caso, uma divisão inferior será suficiente. Vejamos os casos de sucesso de Pereirinha, Miguel Vítor ou Miguel Veloso por exemplo.
Aliás, este tipo de medida restritiva potencia uma melhor gestão, e um maior cuidado no recrutamento de activos. E mesmo dois, três, quatro excedentários podem ser com maior ou menor facilidade colocados noutro campeonato. O Braga fê-lo com Linz, o Porto colocou Pitbull e Paulo Machado, o Benfica Sepsi e Adu.
Mais do que isto, é criar condições para alguma falta de transparência e para relações pretensamente ocultas que em nada beneficiam o futebol. A Liga deveria estar atenta.

2 comentários:

Dragão Maronês disse...

O ideal era que as equipas não tivessem, por dificuldades financeiras, necessidade de acorrer às sobras dos clubes mais poderosos.
Mas o empréstimos de jogadores existem desde que me lembro e já era adulto quando o Porto começou a ganhar mais do que a "imprensa do regime" gosta. E, normalmente,só se fala no assunto por causa dos empréstimos do F.C.Porto. Agora até se insinua que um homem do Vitória de Setubal, vitoriano dos 4 costados alinhe em jogadas escondidas, para prejudicar o seu Vitória favorecendo o Porto. A falta de vergonha e a instensissima dor de corno que por aí campeia é que os faz falar assim.
Não é o caso deste post que aborda a questão na generalidade e qualquer pessoa estará de acordo com o que você escreve. Idealmente deveria ser assim, mas a realidade da vida, quase sempre, não se compadece com esses idealismos.
Reconhecidamente, somos um país de invejosos. Em tempos que já lá vão, faziam-se denúncias a dita "santa" Inquisição por inveja agora
denunciam-se os jogadores emprestados como fautores de batota no futebol se jogam mal ou assim assim. Se sendo atacantes e estão jogar bem, mas o seu treinador pretende aumentar o autocarro que já tem em frente da sua baliza com mais defesas, então o treinador não comete um erro, fez o que fez para beneficiar o F.C.Porto.
Ora abóbora!
Desculpe-me o desabafo.

José Lemos disse...

Dragão Maronês,
as equipas não têm necessidade, por dificuldades financeiras, de acorrer aos clubes grandes.
Naval e Paços de Ferreira são dois exemplos de clubes pequenos, com boa gestão desportiva e financeira, que não necessitam de recorrer a estes jogadores. Antes, através da prospecção, vão buscá-los a divisões secundárias de Portugal e outros países.

O post pode ser idealista. Mas a Liga, pode propor esta medida. Parece-me que ajudava a todos. Menos aos 'encostados', porque afinal é sempre mais fácil construir planteis com as 'sobras' dos grandes.

abraço