Mais futebol meus senhores!

à(s) 02:36

quinta-feira, 30 de abril de 2009


Quando as melhores competições atingem a recta final, quando o melhor futebol se defronta na relva ao longo de 180 minutos, quando há incontável talento por cada metro quadrado de relva, os cuidados aumentam. Os técnicos, os jogadores, sabem que um simples erro pode deixar demasiado longe o objectivo de uma época, para alguns o sonho de uma carreira.
Em parte, foi esse o pensamento que inundou a mente de Hiddink e Wenger, treinadores de equipas que visitavam adversários teoricamente mais fortes. Um pensamento que não beneficia o melhor futebol, mas que não pode ser censurável, até porque foi a melhor forma que encontraram de manter em aberto a eliminatória. Vamos por partes.

Barcelona x Chelsea - Um Camp Nou com 100 mil pessoas esperava as equipas. Meia-final da Champions, um Chelsea acabado de eliminar o Liverpool num jogo de loucos, um Barça portador do futebol que traz adeptos à modalidade, que nos cola ao sofá. De um lado o metódico, o sonhador Guardiola. Do outro 'a raposa' Hiddink. Messi e Xavi, Drogba e Lampard.
O treinador holandês sabia o que o esperava. A Catalunha foi esta época um autêntico pesadelo para as equipas que por lá passaram. Especialmente quando defrontava aqueles que em teoria seriam melhores, o Barcelona motivava-se a níveis altíssimos. Atlético de Madrid, Sevilha, Valência, Lyon ou Bayern foram vergados a pesadas derrotas.
O Chelsea tem um plantel, e um estilo de jogo que não lhe permitem grandes transições rápidas. A estratégia seria ocupação perfeita dos espaços, saída para o ataque por Drogba, esperando subida da equipa. A primeira premissa resultou, a segunda não. Mérito do Barça. Explicação também pelo alinhamento do Chelsea, que transformou o 4x3x3 habitual num 4x5x1 com Ballack e Mikel à frente da defesa, Essien e Malouda fechando nas alas, Lampard perdido no centro, demasiado longe de Drogba. Natual, Lampard não é jogador para o aquele futebol. Apesar de tudo, não censuro Hiddink. Foi a melhor forma que o holandês encontrou para manter a eliminatória em aberto. Conseguiu-o.
O Barcelona encontrou pela primeira vez nesta época, uma equipa capaz de travar o seu futebol. Sim, é certo, não ganhou sempre. Mas em todas essas partidas, percebeu-se que o jogo continuava fluído, chegando perto da baliza contrária. Contra o Chelsea não. As tabelas, os passes de ruptura, as fintas, as mudanças de velocidade, o jogo apoiado e de pé para pé esbarraram quase sempre na muralha azul. Com o 4x3x3 habitual e Abidal na esquerda em detrimento de Puyol, pensar-se-ia que o Barça poderia fazer mais uso do jogo exterior, mas Essien foi um monstro, pelo que Daniel Alves era o único jogador capaz de dotar a equipa dessa alternativa, conciliando-a com o seu poderoso jogo vertical, e com as diagonais dos seus avançados. Foi contudo insuficiente para desmontar a teia do Chelsea. Mais ainda, para levar de vencido aquele adversário, Guardiola precisaria de ter todos os seus jogadores inspiradíssimos. mas a noite não foi a melhor para Henry e Messi, dois dos potencialmente maiores desequilibradores.
Individualmente, destaco Dani Alves e Touré do lado do Barcelona, Terry e Essien do lado do Chelsea. Dois defesas, dois médios mais defensivos, explica bem o que foi o jogo. Embora o brasileiro receba destaque pelo facto de ser, a par de Iniesta, o maior desequilibrador em campo. Bosingwa é fortemente elogiado por ter parado Messi. Mas o português fez uma exibição à imagem da equipa. E teve a sorte de nunca ter sido exposto em demasia a duelos individuais. Ainda assim, ponto muito positivo.
A segunda mão em Stamford Bridge será diferente. A eliminatória decidida em 90 minutos e espero um Chelsea mais afoito ofensivamente, o que à partida indicará um jogo mais aberto. Golos e muita intensidade, ingredientes expectáveis para de hoje a oito dias.

Man Utd x Arsenal - Em Old Trafford o primeiro de três confrontos entre Red Devils e Gunners, no próximo mês. Todos eles, assentes em bases diferentes. O de hoje seria naturalmente aquele em que o Arsenal jogaria mais recolhido. Direi contudo, que em demasia.
Parece-me que o Arsenal tentou ser uma equipa à imagem do Chelsea em Camp Nou. Contudo, Wenger tem à sua disposição um conjunto de elementos que lhe permitiriam fazer um jogo diferente, especialmente a nível ofensivo. Walcott, Fabregas e Nasri estiveram sempre muito presos a amarras tácticas, e a própria opção por Diaby em detrimento de Denilson ajuda a explicar o pensamento de Wenger. Mais contenção, mais músculo, menos fantasia ou qualidade de passe. Parece-me um erro. O Arsenal teve uma produção ofensiva nula, e defensivamente nunca conseguiu a competência do Chelsea. O ox1 é um resultado lisonjeiro, Almunia e a barra explicam-no muito bem.
Frente ao 4x2x3x1 do Arsenal, o 4x3x3 europeu do Manchester, que Ronaldo e Rooney sabem também transformar em 4x5x1, em determinados momentos do jogo. O certo é que nos grandes jogos europeus, Ferguson não prescende do trio de meio-campo na zona central, abdicando do seu 4x4x2 mais de consumo interno. Hoje, com Scholes e Giggs no banco, foram Carrick, Fletcher e Anderson a jogar. O inglês mais no miolo, essencialmente posicional, o escocês e o brasileiro a soltarem-se mais no ataque. O Manchester controlou sempre o jogo, ao mesmo tempo que o dominava. Alguma inépcia dos seus avançados, somada à grande exibição de Almunia, explicam que não tenha deixado a eliminatória muito perto da resolução.
Individualmente, a somar ao referido Almunia, parece-me justo distinguir o jovem Alexandre Song, por ter realizado uma das melhores exibições da equipa, numa zona onde os Gunners tiveram sempre dificuldades. No MU, o grande destaque vai para o colectivo, pela grande exibição. Compacta, confiante, personalizada em todos os momentos do jogo.
A 2a mão, um pouco à imagem do confronto de Stamford Bridge, trar-nos-á potencialmente mais golos. Um Arsenal que sabe jogar bom futebol, à procura do golo e um Manchester temível no contra-ataque.

Uma última nota. Camp Nou e Old Trafford. Meias-finais da Liga dos Campeões. Artistas como Xavi, Iniesta, Messi, Henry, Etoo, Lampard, Drogba, Ronaldo, Tevez, Rooney, Berbatov, Fabregas, Walcott, Adebayor. Quem foi o único jogador a balançar as redes nesta meia-final? John O'Shea. Tem o que se lhe diga...Que para a semana seja diferente!

3 comentários:

Miguel Nunes disse...

espero mt q a final seja MU - Barça...

José Lemos disse...

Somos dois. Afinal, seria a prova que o melhor futebol (e não tenho dúvidas que são as duas melhores equipas do Mundo) ainda triunfo.

O jogo de Stamford Bridge vai ser imprevisível, mas no fim acredito que o Barça segue em frente.

Anónimo disse...

O Barça passou neste jogo... não sabe como. Arbitragem polémica mancha a passagem do Barça à final, mas o United logo lhes conta uma história. :D