J.Moutinho, Kasparov num tabuleiro verde

à(s) 01:31

quarta-feira, 22 de abril de 2009


O Sporting anunciou ontem à noite, a renovação do contrato com o seu capitão, saído da Academia, João Moutinho. O clube passa a receber o valor total da venda do seu activo, ao mesmo tempo que baixa o valor da sua claúsula de rescisão. No que parece uma cedência de ambas as partes, de Moutinho porque abdica da parcela a que tinha direito em caso de transferência, do Sporting porque baixa o valor pelo qual poderá transferir o seu jogador mais valioso.
22.5 milhões de euros é o valor que os interessados terão de desembolsar, para passar a contar com o português no seu plantel.

Olhando para a conjectura de mercado, em épocas de crise económico-financeira, podemos questionar se existe algum clube disposto ou capaz de dispender este valor para concluir a operação. Mas é muito provável que em Inglaterra, por entre Aston Villa, Arsenal, Everton, Manchester City ou Chelsea, pelo menos um avance na direcção de Moutinho.
Tal facto só dá conta da valia do capitão do Sporting. Ninguém olha para ele esperando que resolva directamente jogos. Porque não tem um drible fabuloso, porque não tem uma capacidade de remate acima da média, porque não tem uma visão de jogo extraordinária. Então porquê? Porquê 22.5 milhões de euros por um jogador assim? É simples, aos 22 anos, Moutinho representa na perfeição o protótipo de jogador moderno.

De uma regularidade assombrosa, capaz de realizar uma época completa, sem decréscimo de performance. Capaz de preencher todas as posições próximas da zona mais central do meio-campo, sozinho, em duplo pivot ou losango. Sempre com grande sapiência e maturidade que lhe permitem entender muito bem cada momento do jogo, todas as exigências da posição que ocupa, todas as necessidades da equipa.
Como referi, não se pode esperar de Moutinho que decida jogos. Embora por vezes o faça. Vale em média 6/7 golos por época, um pouco mais se falarmos de assistências. Mas, mais do que tudo, vê-se nas equipas que defende, um equilíbrio entre ataque e defesa, ou seja, muita competência nas transições. E uma qualidade pouco comum, de conciliar técnica, com muita capacidade táctica e de trabalho de equipa.
Inteligência, competência e seriedade. Este é o futebol do 28 do Sporting, mais um excelente 'produto' da Academia de Alcochete, e que dificilmente se continuará a expressar em Portugal.

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