Saudades de Batistuta

à(s) 03:10

quinta-feira, 5 de março de 2009


Hoje enquanto percorria as etiquetas do blog, deparei-me com uma apelidada de 'Estrelas do Futebol'. Imediatamente pensei que ter uma rubrica assim e nela não constar aquele que foi o meu maior ídolo futebolístico de criança, era um enorme contra senso.

E sim, ele foi Gabriel Batistuta. Não é difícil perceber. Somos miúdos, só vemos bola à nossa frente. Queremos lá saber da escola, o que nos importa é nas tardes livres ou mesmo no recreio, formar equipas pra dar uns chutos. E queremos todos jogar a avançados. Algo óbvio, até porque desde tenra idade todos sabemos que são os avançados quem vive mais perto do golo, e queremos impressionar as meninas que estão a assistir ou ganhar um lugar de destaque no seio do nosso grupo. Fica uma dúvida: que nome gritar a seguir ao golo. 'Gooolooo e o nosso nome a seguir' não soa bem. O momento tem de ser épico. E pra isso vamos buscar algum jogador famoso para imitar. Eu escolhi Batistuta. Cabelos compridos, camisola viola, golos atrás de golos. Perfeito!


Os anos passam, o ídolo é o mesmo. Mas há mais curiosidade para saber cada vez mais coisas. E para perceber melhor os terrenos que pisa, a sua forma de jogar. Imediatamente se nota um traço comum a todos os seus movimentos: o instinto de matador. É natural. Batistuta tinha que ter esta predisposição natural para o golo. Só assim se explica que um jogador que se tenha dedicado ao futebol apenas a partir dos 17 anos (era basquetbolista) tenha deixado o nome na História de forma tão consistente.
Três primeiras épocas como profissional, três grandes clubes argentinos: Newells Old Boys, River Plate e Boca Juniors. Admitir-se-ia que principalmente no River Plate não gostassem de Batistuta, pela sua transferência para o inimigo Boca, de onde deu o salto para a Europa. Mas a sua postura fora de campo, a sua entrega ao jogo, tudo o que deu à Argentina, fizeram com que fosse idolatrado em todo país. E considerado o maior jogador alvi-celeste entre Maradona e Messi. Naturalmente, ou não fosse o melhor marcador de sempre da selecção, com uns impressionantes 56 golos em 78 internacionalizações.


A porta da Europa, abriu-a a Fiorentina (já na altura por 3 milhões de dólares). Longe de imaginar estaria Batistuta e os dirigentes viola, que o argentino seria o maior jogador da História do clube de Florença. Um verdadeiro ícone a todos os níveis, amado pelos adeptos, apreciado pela imprensa, gerador de suspiros femininos. 9 anos, 269 jogos, 168 golos. A braçadeira de capitão. E a assumpção da Fiorentina como equipa temida em Itália, respeitada na Europa, chegando à Liga dos Campeões, onde balançou as redes de Barcelona, Manchester United, entre outros. O clube homenageou-o com uma estátua em bronze, algo com que poucos jogadores se podem orgulhar (quando Maldini e Raul deixarem o campo, provavelmente nunca mais nenhum).

9 anos depois, em 2000 Batistuta partia de uma Florença em lágrimas, em direcção à Roma. Em busca de uma Serie A, algo que não conseguira na Fiorentina. 30 milhões de dólares por um jogador de 31 anos? perguntaram alguns. Mas caramba, era Batigol. Fabio Capello deu-lhe o papel principal da sua Roma, e o título, 17 anos depois voltou à equipa da capital. Números? 20 golos em 30 jogos.
Na época seguinte, as malditas lesões. Que levaram a sua carreira ao declínio, e a um final tranquilo no Qatar, já depois de um empréstimo ao Inter. O tempo também passa para os grandes jogadores.

Mas a memória o tempo não consegue apagar. E na retina ficam o seu faro para o golo, os livres, a capacidade de aparecer nas costas dos defesas, o remate fácil e potente com ambos os pés, o poder no jogo aéreo. A facilidade com que decidia jogos. Querem ver o estofo de um grande ponta de lança? Dêem-lhe o Calcio. Onde Batistuta brilhou ao mais alto nível durante 12 anos. Palavras para quê? Provavelmente muito mais havia para dizer.
Há dúvidas da grandeza e da qualidade do argentino? Pergunte-se a Rui Costa. Ou não fosse deles a 'societá' mais interessante da segunda metade dos anos 90 em Itália.

3 comentários:

Miguel Nunes disse...

Batigol! tb foi um dos meus idolos

André disse...

Só faltou referir o famoso penalti à Batistuta...abram alasss

José Lemos disse...

André,
é verdade. Mas para os livres o princípio era o mesmo!