Os caminhos de Quaresma

à(s) 02:33

quarta-feira, 4 de março de 2009


Hoje à hora de jantar procuro decidir entre o Liverpool Sunderland e o Portsmouth x Chelsea para passar as duas horas seguintes. O primeiro passa em HD, tem Gerrard e joga-se num Anfield repleto e com a relva super bem tratada. O segundo disputa-se debaixo de chuva intensa, em Fratton Park. Perante estes factos não será difícil perceber qual o jogo que fui seguindo com mais atenção. Tudo mudou com a entrada de Quaresma.

59 minutos. O jogo entre Portsmouth e Chelsea estava completamente equilibrado. O terreno de jogo estava pesado e as equipas (ambas em 4x3x3) encaixadas. Guus Hiddink olha para o banco e vê Quaresma. O campo não estaria perfeitamente adequado às características do cigano, mas o treinador holandês, demonstrando já um conhecimento importante das características do português, sabe que ele será o homem ideal para desfazer o nó em que se encontra o jogo.
Sai Kalou. Devo aliás dizer que é para mim inconcebível ver Quaresma como suplente do costa marfinense. Não que não o considere bom jogador, mas porque me parece que são jogadores semelhantes. Mas Quaresma é melhor nas boas características, e menos mau nas negativas. E mesmo que Kalou tenha potencialmente uma relação mais próxima com o golo, Quaresma é decisivo, mais vezes.
Apesar de tudo, continua a errar. É certo que o vimos, com espírito de equipa, a defender quando a equipa tentava segurar a vantagem de 1x0. Algo em que era muito criticado quando jogava no Porto. Mas cometeu um erro grave: uma falta desnecessária aos 90 minutos, que deu origem a um livre lateral, lance perigosíssimo quando se defronta uma equipa que conta por exemplo com Crouch, Campbell ou Distin. Podia o Chelsea, através de uma acção sua, ter desperdiçado a vantagem que Quaresma ajudou a construir.

Sim, porque foi Quaresma quem mudou as coordenadas da partida. Mais sobre o flanco direito, colocou a cabeça em água a Hreidarsson. O velho Quaresma, demolidor no um para um, muito perigoso nos cruzamentos, de trivela ou com o peito do pé. Deu confiança à equipa, ganhou ele próprio confiança. A confiança que veio perdendo. Ou parte dela. A verdade é que nos pouco mais de 31 minutos em que jogou, voltamos a ver parte do melhor Quaresma. Mesmo a jogada do golo, nasce de um cruzamento de Bosingwa para Drogba, desde o flanco direito, após combinação lusa.

Este é capaz de ser o primeiro passo para um bom fim de época do português. Depois da na primeira metade da época ter sido de certa forma uma desilusão, a chegada à Premier League pareceu-me uma boa opção. Poucos dias depois da transferência, era já titular no Chelsea de Scolari, A saída de Felipão endureceu o caminho de Quaresma, que até ontem foi suplente em duas partidas, e fez dois jogos pelas reservas. Talvez esta exibição seja o antídoto que o português precise para voltar ao seu melhor futebol. Bom para o Chelsea, bom para a Selecção Nacional, bom para o futebol.

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