Quem deve ser o defesa-esquerdo da Selecção Nacional

à(s) 04:09

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Esta foi a pergunta que deixei no blog nos últimos dias, e tem sido um tema de discussão recorrente. Antes de mais um aviso: este texto vai ser longo.

Os mais atentos devem ter-se perguntado o porquê da ausência de Miguel Veloso da lista. A resposta é simples. Antes, porém, quero ressalvar que coloquei a opção 'outro' também a pensar naqueles que acham que o 24 do Sporting deverá assumir o lugar.
Quem segue o Futebol Total mais atentamente, saberá que sou um apreciador das qualidades futebolísticas de Miguel Veloso. Que vejo nele potencial, desde que se conjugem vários factores (muitos deles externos ao relvado), para ser um excelente médios defensivo. Provavelmente o seu percurso evolucional no Sporting terminou, mas Veloso deverá apressar-se para não 'perder o comboio'. São estas as razões pelas quais me recusei a colocá-lo como opção para a lateral-esquerda da Selecção. Ganhando-se um razoável lateral esquerdo, corre o risco de perder-se um muito bom médio defensivo, posição na qual Portugal não tem, hoje em dia, um indiscutível. Quero contudo ressalvar que, naturalmente, será a partir do seu clube que Veloso terá que se moldar nessa posição.

Voltando à 'sondagem'. Ou à votação, conforme se quiser. O espaço amostral, naturalmente, não é particularmente vasto . Responderam à questão 51 pessoas, número que, mesmo não sendo Rui Oliveira e Costa, posso afirmar não ser estatisticamente significativo. Contudo, dá para perceber que está longe de existir unanimidade em relação a esta questão. Vamos por partes.

Comecemos pelos centrais adaptados: Gonçalo Brandão, Manuel da Costa e Caneira. Os dois primeiros têm bastantes traços comuns: são jovens, esquerdinos, habituais na sub-21 (embora Manuel da Costa tenha sido ultimamente mais assíduo), e actualmente jogam no Calcio. O primeiro no Siena, o segunda na Sampdoria, emprestado pela Fiorentina. Ambos foram protagonistas menores nos resultados. O jovem ex-Belenenses não teve voto algum (o que se explica pelo desconhecimento que a maior parte dos adeptos têm do seu futebol), Manuel da Costa teve apenas um voto, correspondente a 1%, praticamente no mesmo pressuposto.
Caneira, que tem tido, no seu clube, uma preponderância e um rendimento inferiores ao que dele se esperava, é uma opção dentro da mesma linha. Perde pelo facto de não ter pé esquerdo, mas tem vantagem pela sua experiência. Acaba por ser uma opção segura, assegurando um rendimento constante, mas sem que dele se esperem grandes mais valias. Com 5 votos, representou 9% da votação.
Destes três jogadores, Queirós pode esperar uma maior cobertura defensiva e uma correcta aproximação aos centrais. Além disso, garantem que a equipa dificilmente fica desequilibrada, quando em processo atacante. Este pode ser um factor positivo porque na lateral direita, Bosingwa e Miguel têm bastante pendor ofensivo. No entanto, nesse mesmo pressuposto, Portugal torna-se uma equipa mais previsível (o lateral esquerdo dificilmente ataca) e com o flanco demasiadamente 'despido' (até porque os nossos melhores extremos - Ronaldo, Simão, Nani e Quaresma - são destros e jogando na esquerda, preferirão diagonais).

Depois, Antunes e Tiago Pinto. Dois jovens jogadores, laterais esquerdos de origem, que, pelas pistas dadas, têm bastante margem de progressão. Ambos bons nos cruzamentos, com interessante pendor ofensivo, mas ainda com naturais debilidades a defender. Nesse sentido a próxima época será quase fulcral. Antunes, já está num habitat táctico importante (Calcio), mas jogando no modesto Lecce será importante o regresso à Roma. Tiago Pinto, emprestado no Trofense e em fim de contrato com o Sporting, espera-se que deixe o estrangeiro potencialmente para mais tarde, e siga a carreira num dos três grandes, todos com algumas carências na sua posição.
Pelos resultados (15% para Tiago Pinto e 12% para Antunes), constatamos que são dois jogadores apreciados pelos adeptos. Pessoalmente parece-me que Queirós deverá manter estes jogadores sobre cuidada observação. E chamar frequentemente ao grupo aquele que em seu entender, servir melhor os interesses da selecção. Um destes dois elementos, e um a sair de Manuel da Costa ou Gonçalo Brandão (pelas características que cada 'par' apresenta) parece dotar Portugal de atributos importantes, para qualquer sistema ou modelo de jogo.

Paulo Ferreira e Jorge Ribeiro. Dois jogadores também com alguma expressão na votação. O jogador do Chelsea obteve 6% dos votos, o irmão de Maniche, 8%. Aqui vou ser breve. De Paulo Ferreira parece-me ser um jogador de grupo muito importante. O tal que não faz barulho por ser suplente, e que mantém uma regularidade conjugada com uma polivalência nas laterais, importante. Mesmo que por vezes tenha jogos menos conseguidos (p.ex. Brasil), é um jogador com o qual o treinador pode sempre contar. E que interessa à selecção.
Jorge Ribeiro é diferente. Aos 27 anos teve uma boa oportunidade no Benfica, a conjuntura estava a seu favor, mas não soube ou não a conseguiu aproveitar. Não sendo de todo um mau jogador, e mesmo tendo um pé esquerdo interessante, apresenta carências que podem ser decisivas ao mais alto nível. Também pelo facto de já não ter uma margem de evolução acentuada, não me parece a melhor solução.

Por fim, os mais votados: Duda e César Peixoto (o primeiro com 24%, Peixoto com 22%). São os dois duas adaptações. De Duda, dizer que tem feito uma Liga Espanhola interessante (no Málaga, a sensação da prova), e que terá justificado novo teste pela sua interessante exibição contra a Finlândia. Em processo ofensivo. Porque convém não esquecer que os nórdicos praticamente não atacaram, e quando o fizeram, foi mais por zonas centrais. Pessoalmente tenho algumas dúvidas que seja a solução indicada.
Que para mim seria actualmente César Peixoto. Apreciei a sua convocatória frente ao Brasil, mas estranhei que só tenha jogado 10 minutos, a meio-campo, com o resultado desnivelado e sem nova oportunidade na última convocatória. De Peixoto direi que em Braga, tem finalmente estabilizado o seu jogo. Que tem rotinas no lugar, forte tacticamente e aos 28 anos uma experiência que é uma mais valia. Boa estatura e fortíssima em bolas paradas (é um dos melhores batedores de cantos que conheço). Tem o revés de não ser lateral em Braga, mas é um dos suportes da equipa, um dos seus equilíbrios, e complementa sempre muito bem as subidas de Evaldo. Tudo razões para o gostar de ver a ser testado continuadamente como opção principal.

Enfim, é verdade que não temos uma opção que, em princípio, claramente assuma o lugar (como também se vê pela quantidade de jogadores que foram 'a votos'). Mas, penso, há matéria prima para todos os gostos, para que esse não seja o nosso principal problema.
Pistas sobre as opções mais firmes de Queirós, em Março, contra a Suécia.

1 comentários:

Filipe José Fontoura Ribeiro disse...

Amigo, apoie à divulgação, ajude-nos a ajudar quem precisa.

http://www.vilarealsport.com/2009/02/ajude-o-ernesto.html

Obrigado