O Marítimo de Lori Sandri

à(s) 15:06

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


O Marítimo é a última equipa a figurar neste espaço de análise, conforme por mim proposto - 7 primeiros classificados da Liga.
Esta época na Madeira continua a senda de bons resultados. O Marítimo não tem ficado atrás do Nacional e, fora algumas fragilidades demonstradas com os grandes (apesar de ter empatado a zero no Dragão), tem feito um percurso muito interessante no principal campeonato. Mesmo depois de um início muito tremido da turma de Lori Sandri.
Em relação ao brasileiro, confesso que inicialmente olhei com bastante desconfiança para a sua contratação. Um pouco à imagem de Casemiro Mior. Só que enquanto este último teve a liberdade, de uma direcção recém empossada e com problemas mais céleres para resolver, para promover uma autêntica revolução (com sotaque no plantel), no Marítimo contratou-se com ciência e qualidade. E houve tempo (mesmo após insistentes rumores no início da época de que o brasileiro estaria por um fio) para adaptação a um novo futebol. Hoje, pode dizer-se que a substituição de Sebastião Lazaroni foi mais pacífica do que se poderia supor.

Sandri esquematizou a equipa numa espécie de 5x3x2, um esquema que no Marítimo facilmente varia para 3x5x2 ou 3x4x3. Para estas derivações três jogadores chave: Paulo Jorge, Miguelito e Marcinho.
Na baliza Marcos é indiscutível. Embora recentemente tenha sido ventilado como potencial alvo do Benfica, não o considero guarda-redes para equipa grande. No entanto, os seus méritos e as suas qualidades são indiscutíveis, e é claramente um dos melhores guarda-redes das equipas da 'classe média' do nosso campeonato. A sua experiência transmite confiança aos homens que jogam à sua frente.
Que são três. Van der Linden foi o homem que Carlos Pereira escolheu para perpetuar a saga de centrais holandeses iniciada pelo excelente Van der Gaag. Considero-os jogadores parecidos. Têm qualidade, a escola holandesa, que faz do posicionamento a sua principal arma. Ofensivamente, não sendo tão forte como o seu antecessor, é também perigoso. Um bom jogador. A seu lado, dois brasileiros: Fernando Cardozo e João Guilherme. O primeiro, tem os genes do sul do Brasil. O típico central duro, forte, intenso. É muito forte no jogo aéreo, e na marcação é impiedoso. João Guilherme é diferente, mais técnico, não tão intenso. Muitas vezes funciona como uma espécie de líbero, aproveitando também a sua cultura de médio defensivo, vemo-lo aliás não poucas vezes junto de Olberdam.

Este brasileiro, é o tampão do meio-campo. O típico ladrão de bolas. Já anda por Portugal há alguns anos, mas após um início difícil, tem vindo a assumir-se como um bom jogador. E atenção, porque não é um simples tosco. Chuta para a bancada quando é preciso, mas sabe também sair a jogar. Embora essa função esteja mais a cabo do capitão Bruno, já uma espécie de enciclopédia da bola. Procurem a esperteza, a sapiência num jogador, aliem-na a qualidade técnica, a capacidade de sair a jogar e fazer a equipa jogar, e encontram em Bruno esse jogador. É provavelmente a extensão do treinador em campo.
Nas alas Paulo Jorge e Miguelito. Dois dos tais homens que permitem à equipa variar entre sistemas. Porque são defesas laterais em processo defensivo e verdadeiros médios ala quando a equipa tem a bola. O primeiro tem sentido mais dificuldade para adaptar-se a essa posição, mas o seu jogo tem melhorado gradualmente, e são constantes os desequilíbrios que provoca na defesa contrária. Quanto a Miguelito já conhece a posição de trás para a frente, penso aliás ser essa a posição onde mais rende. Carlos Fernandes tem de esperar para jogar, e terá mais hipótese de fazê-lo como terceiro central.

Na frente três homens que fazem da mobilidade e qualidade técnica a sua principal arma. Principalmente Marcinho e Djalma. Baba é diferente. É o mais fixo dos três, aquele que tem como função aparecer mais vezes na área, em zona de finalização. Tem sido uma boa surpresa e acredito, deixado Bruno Fogaça em desespero pela sua pouca utilização. No entanto, Ytalo deverá surgir mais forte nesta segunda metade, e ser um concorrente forte do senegalês.
Marcinho é outra das chaves para Sandri. Tem uma qualidade técnica fantástica, mas tacticamente é débil. Talvez por isso o treinador não o agarre muito a uma função. Parte do centro do meio-campo ofensivo, mas vemo-lo descair muitas vezes para as alas. Nascem dos seus pés grande parte das boas jogadas do Marítimo. Dos seus e dos de Djalma, talvez a principal figura da equipa. O angolano tem sido um dos bons jogadores da Liga, e jogando maioritariamente nas alas, aparece muitas vezes em posição de finalização. A equipa parece jogar para estes dois homens, protegidos por uma armada bem montada nas suas costas, habitualmente com uma referência à sua frente, o brasileiro e o angolano jogam e fazem jogar.

Apesar do actual sétimo lugar, e de ter bons 13/14 jogadores este plantel do Marítimo parece-me mais curto em qualidade do que os anteriores. Desde que não haja baixas prolongadas, o clube parece-me ser também um candidato sério à taça UEFA. Caso contrário será mais difícil. A acompanhar.

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