Felipão em dificuldades

à(s) 19:52

domingo, 28 de dezembro de 2008



Bem sei que a Premier League é a par da Primera Divisón Espanhola, o campeonato mais equilibrado do Mundo. Que há voltas e reviravoltas, tropeços, despistes e escorregadelas. Muitas vezes seguidas de caminhos seguros em direcção à glória.


No entanto no Chelsea de hoje a cultura não é propriamente essa. Por várias razões. Pelo novo riquismo imposto por Abramovich, principalmente pelo "cheguei, vi e venci" de José Mourinho. E até pelo "quase lá" de um israelita previamente condenado ao insucesso em todas as linhas, mas que também ele andou à distãncia de uma escorregadela (como a de Terry em Moscovo) da glória. Mesmo Avram Grant que pegando numa equipa com a época em andamento conseguiu resultados muito interessantes, mesmo sendo um dos braços direitos do líder, saiu pela porta das traseiras. Para chegar Scolari.


Que pela primeira vez desde que saiu o Euromilhões em Stamford Bridge, não teve direito a grandes reforços. Bosingwa já tinha sido contratado, e o brasileiro apenas acrescentou ao plantel por indicação própria, o mágico Deco. E entretanto o Chelsea até quis fazer dinheiro com a venda de Shaun Wright Phillips (extremo direito rapidíssimo), jogador com características sem igual no plantel dos blues e que até se tem dado muito bem na casa mãe, no Manchester City. Entretanto também, Ricardo Carvalho tem passado grande parte da época no estaleiro, Drogba voltou a jogar agora, Essien nem se fala. Scolari e seus adjuntos já vieram a praça pública reclamar reforços, mas as altas patentes já se apressaram a negar. Isto claro, depois de Felipão ter visto a sua grande pretensão - Robinho (11 golos, 3 assistências) - fugir também para o Manchester City.


Abramovich não quer saber nada disto. Pretende que o Chelsea ganhe. Algo que não consegue há dois anos, de domínio de Ronaldo e companhia. Actualmente o Chelsea segue em segundo lugar a três pontos do Liverpool. O Manchester United segue perto, muito perto, a 7 pontos mas com três jogos em casa a menos. E na próxima jornada em Old Trafford, confronto entre estes dois gigantes. Avizinham-se mais problemas para Scolari.
Que hoje não conseguiu mais do que um empate em Craven Cottage perante um também surpreendente Fulham. O segundo empate consecutivo fora, depois de uma campanha 100% vitoriosa. Em casa, o recorde de invencibilidade iniciado por Ranieri, incrivelmente abrilhantado por Mourinho e bem continuado por Grant, caiu aos pés do Liverpool e foi enterrado com o Arsenal.
Mesmo na Liga dos Campeões, qualificação, mas com um ou dois tropeções inesperados.


Tacticamente, pela opção por Malouda deverá passar parte do sucesso. Como já não há Wright Phillips, é pelo francês que deve passar o alargamento do jogo do Chelsea, tão importante quando se defrontam equipas mais fechadas. Ashley Cole e Bosingwa fazem isso muito bem mas não chegam. No meio, o fantástico Lampard dita as leis. Impressionante a capacidade de não oscilar o seu rendimento (elevadíssimo) com o passar dos anos. Mais na frente, Drogba parece estar a querer assumir-se como o dono do lugar. Anelka, vai ter que se habituar-se mais vezes ao ostracismo do banco. Um revés, para alguém tão irregular e com problemas de confiança. Mas com talento.

Enfim, Scolari está com alguns problemas. Nos próximos três jogos e na diminuição ou aumento da distância para o primeiro lugar, findas essas partidas, estará parte do seu futuro. Mas só porque é o Chelsea, clube sedento de vitórias, liderado por alguém que percebe mais de petróleo do que de futebol. Talvez em alguns aspectos devessem olhar para os vizinhos do Arsenal. O futebol agradecia, a Premier League e o seu espírito sentir-se-iam melhor representadas.

0 comentários: