Crise em Anfield

à(s) 03:11

quinta-feira, 12 de novembro de 2009


Estávamos a pouco mais de meio do defeso quando elementos do Real Madrid aterraram em Liverpool para resgatar Arbeloa e Xabi Alonso. Se em relação ao lateral espanhol, aposta de Rafa Benitez quando ninguém o conhecia, e 'apenas' um bom jogador de plantel, a perda poderia ter sido atenuada, Xabi Alonso peça fundamental no esquema do Liverpool foi uma subtracção gigante à equipa.

Com esta cedência ao mercado, colmatada apenas pela chegada de dois substitutos directos para as saídas (Glen Johnson num nível superior a Arbeloa, Aquilani ainda num nível inferior a Xabi), os responsáveis do Liverpool como que se resignaram à manutenção do défice de títulos internos.
A equipa ao invés de evoluir, e progredir para o mesmo patamar de Chelsea e Manchester, mantém-se num nível inferior, onde só com muita fortuna poderia lutar pelo título, nomeadamente numa época onde Arsenal e City ameaçam intrometer-se, por mais ou menos tempo, na luta.


De facto, desde a chegada de Fernando Torres que não se vê em Anfield uma contratação ao nível daquilo que o clube representa. A chegada de novos proprietários retirou-lhes aquela pequena dose de risco que por vezes é necessária em futebol, e transformou o Liverpool num clube com perspectivas quase exclusivamente economicistas. Isto na óptica dos 'Chairmans', obviamente que ao contrário dos 'Supporters', os melhores do Mundo.


Em todo este turbilhão, Rafa Benitez não está isento de culpas. Mesmo sem o orçamento que desejaria, tem procedido a contratações de carácter duvidoso para equipa com a qualidade dos 'reds'. Degen (100 minutos desde a época passada), Dossena, Kyrgiakos, Riera ou Voronin são bons exemplos do que refiro. As chegadas de Dossena na época passada quando faziam já parte do plantel Fábio Aurélio e Insua (e pouco tempo depois da dispensa de Riise), ou de Kyrgiakos nesta época, quando o plantel conta já com Carragher, Skrtel, Agger e o promissor Daniel Ayala para a posição, são ainda mais misteriosas.
Especialmente quando no ataque, a equipa vive constantemente orfã de um parceiro/substituto para Fernando Torres, factor exponenciado pela preferência sobre Voronin ou NGog, em detrimento do super promissor Nemeth. Mesmo na ala esquerda, e no modelo do Liverpool, será um eterno mistério a escassa utilização de Ryan Babbel.

Enfim, parece-me inegável que a qualidade do plantel do Liverpool não lhe permite de todo lutar por mais do que uma competição. Por culpa de todos aqueles que tomam decisões na estrutura do clube. E, quando em Novembro, verificamos que a equipa foi já eliminada da Taça de Inglaterra, quando percebemos que está às portas de uma saída inglória da Champions, quando no campeonato dista já 11 pontos do Chelsea, constata-se que os reds estão num caminho obscuro e difícil. Nada que afecte a paixão com que os adeptos cantam o 'You Will Never Walk Alone', mas claramente abaixo dos seus pergaminhos. Uma reflexão é necessária, porque o clube corre sérios riscos de ser ultrapassado na pior altura, a do surgimento de um forte candidato ao 'Big Four' - o Manchester City, e ao mesmo tempo em que os principais rivais Chelsea, Arsenal e MU (mesmo que os red devils passem também por um período transicional), continuam fortes e saudáveis.

Pelo que se tem observado da Premier League, das exibições da equipa, das lesões dos 'presos por arames' Aquilani, Torres e Gerrard, e mesmo pela capacidade demonstrada por Tottenham e Aston Villa, o Liverpool corre o risco de obter uma classificação final perigosamente assustadora. Porque a época ainda vai no início, porque ainda aí vem o mercado de Inverno, porque a equipa tem sempre o apoio incondicional dos adeptos, o quadro pode ser revertido. A ver vamos.

2 comentários:

Hugo Carvalho disse...

Apesar de ser muitas vezes apontada como uma virtude nos clubes ingleses, o facto dos treinadores terem tempo para desenvolver o seu trabalho, chega-se ambém a um ponto de saturação. Penso que tanto o Liverpool como o Arsenal por exemplo já esgotaram o seu modelo desportivo dentro do campo. Claro que são equipas fortes e que poderão ganhar qualquer jogo, mas convenhamos que há medida que os anos passam essa capacidade se vai perdendo.

José Lemos disse...

Também é verdade Hugo, embora no caso do Arsenal não concorde, porque todas as épocas verificamos que Wenger faz o melhor possível com aquilo que tem, e sempre com um futebol atractivo.

Se não chega mais longe, isso tem a ver com a política de contratações do clube, que ultimamente não aposta num ou outro jogador consagrado...Embora acredite que com mais dois anos,e um ou outro reforço, esta equipa do Arsenal vá ser dominadora na Europa.