É preciso cuidado, Sporting.

à(s) 01:59

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Por entre Taças e Supertaças, o título nacional já foge há 8 épocas. O afastamento dos adeptos em relação à equipa é cada vez maior, as clareiras no estádio são cada vez mais visíveis, o fosso na média de assistências anual aumenta para os rivais, a impaciência dos adeptos cresce a cada dia que passa.
A verdade é que num clube com um superior ecletismo como é o Sporting, o fervor à volta do futebol é um pouco dissipado, mas os sportinguistas sempre tiveram uma exigente cultura de vitória, e o discurso dos seus dirigentes nos últimos tempos, quando abordavam as mais valias do constante 2º lugar relativizando de alguma forma o 1º, não caiu bem no seio dos adeptos.
É inegável que a situação financeira do Sporting não é famosa. Fruto de gestão danosa, principalmente na década de 90, o clube vive um pouco de mãos atadas, mas tal facto não pode ser motivo único para os resultados.

Mais do que tudo, importa perceber que a gestão desportiva do Sporting tem sido bastante negativa, ao mesmo tempo que os seus dirigentes vão dando perigosas facadas na cultura de vitória da equipa de futebol. Os adeptos naturalmente, não compreendem, e afastam-se cada vez mais de Alvalade, dos seus jogadores.
Vejamos, o Sporting é indiscutivelmente um grande clube. Mas corre riscos sérios ficar perdido algures entre a estrutura médio-superior do edifício do futebol português, se o clube não encontrar alternativas para a situação actual, alterando o seu caminho. É necessário um pouco mais de risco, de coragem, de ambição!
É preciso que não se esqueça o passado recente do Sporting, e as perspectivas de futuro.
Quando se tem uma Academia formadora e vanguardista como a de Alcochete, quando se tem um número de associados a rondar os 100 mil, quando se tem a história que o clube tem, a cultura de exigência tem que ser maior, os resultados desportivos podem e devem ser superiores.

Quando falo em resultados desportivos, não aponto o dedo acusador a Paulo Bento. Antes pelo contrário. Tenho dúvidas que algum treinador (real) tivesse feito melhor neste Sporting. A estrutura para o futebol parece não existir ou é muito pouco definida, nunca se perceberam muito bem as funções por exemplo, de Pedro Barbosa. Certo é que Paulo Bento tem que se alongar muito para fora do âmbito normal de técnico, dando o 'peito às balas', desgastando-se em demasia, e afastando-se daquilo que deve, sabe e pode fazer. Mas aí não podem ser a ele imputadas responsabilidades, até porque se percebe que o Sporting estaria pior não fossem algumas das intervenções do seu treinador (sem discutir, o propósito ou o tom das mesmas).


Olhando para o plantel e para o trabalho de Bento, constata-se que o seu pecado passa por não conseguir dotar a equipa de um modelo de jogo alternativo de sucesso ao que vem apresentando. Não tanto de sistema, visto que o mais importante é dar qualidade e bons intérpretes ao sistema, qualquer que ele seja. E o Sporting tem intérpretes para o losango.

Mais frágil na defesa, onde a baixa de forma de Polga já leva mais de 20 jogos, sem que o clube tenha precavido um substituto à altura para o brasileiro, durante o mercado de Verão. Até porque está mais do que visto que Paulo Bento perdeu alguma da confiança que já teve em Tonel. A lateral esquerda foi igualmente um pouco descurada, estando longe de se perceber as razões da não renovação de Tiago Pinto.
No resto, a equipa é bem montada, apesar de se sentir bastante a ausência de Izmailov, principalmente porque Vukcevic não cumpre na perfeição os desígnios tácticos do modelo, no meio-campo, e talvez fosse mais útil no vértice ofensivo do losango ou no ataque.
É óbvio que depois existem 'pequenos quês' como as parcas apostas em Pereirinha ou Djaló, mas essas são questões pontuais, que não deixam de ser discutíveis, mas para as quais só Paulo Bento terá uma resposta.

Pensando neste campeonato, mesmo ainda sem ter sido cumprido o primeiro terço, é difícil que o Sporting já vá atingir a Liga dos Campeões. Esta será muito provavelmente uma prova onde os grandes, salvo algum rombo inesperado, perderão poucos pontos e a distância do Sporting para os primeiros lugares é ja bastante grande. Importa aos seus responsáveis reflectir em termos de prioridades e pensar se não será preferível começar desde já a formar uma equipa de sucesso para os anos vindouros, mais importante do que tudo, estruturada numa base competente, sólida e assertiva. Sem esquecer que o arrojo será mais do que nunca, muito importante. O futebol português só fica a ganhar com um Sporting forte.

1 comentários:

António Pista disse...

TEnho dúvidas se alguma vez mais o Sporting se sagrará campeão...

http://aguia-de-ouro.blogspot.com/