A armada invencível

à(s) 01:33

terça-feira, 23 de junho de 2009


Faz pouco mais de 13 meses, e a opinião de grande parte do Mundo do futebol sobre a Espanha era semelhante: grande campeonato, excelentes canteras, jogadores temíveis, equipas fortíssimas, Selecção principal um patamar abaixo. Dominados por um estigma que atingia o grupo na altura das grandes competições: a expectativa no meio de tanta qualidade era elevada, os resultados não eram os melhores.

Provavelmente o Euro-2008 seria a primeira das grandes competições na qual a Espanha não era, regra geral, considerada uma das selecções favoritas (salvo, e com todo o mérito, por José Mourinho). O desfecho final da prova, e a forma como esta decorreu, comprovaram como o futebol está longe de ser uma ciência exacta. A Espanha dominou em toda a linha, marcando uma superioridade assinalável em relação às restantes equiopas. Afinal, foi um Campeonato da Europa de Selecções, em 1964, a sua principal conquista da história. E foi a mesma prova, 44 anos depois, que devolveu a glória a 'nuestros hermanos'.
Em Campeonatos do Mundo, salvo o 4º lugar em 1950, as sucessivas equipas de Espanha não lograram nunca ultrapassar a barreira dos quartos de final. Falta portanto alguma consagração a nível mundial a este país no que ao futebol de selecções diz respeito.

Os seus adeptos pensarão que melhor altura do que esta é difícil. A Espanha brilha individual e colectivamente no campo, denota estar num patamar qualitativo superior a todas as outras selecções. A prová-lo o 1º lugar no Ranking FIFA, o record absoluto de vitórias consecutivas - 15, e o primeiro lugar ex-aequeo com o Brasil no que diz respeito à invencibilidade - 35 jogos sem derrotas. O grande confronto pode realizar-se na Final da Taça das Confederações. A superioridade actual da Espanha, a superioridade histórica do Brasil, num jogo que o Mundo aguarda ansiosamente.

A magia brasileira, e o futebol de régua, esquadro, triangulação, bola no pé e passe curto da Espanha. A equipa manteve a matriz, mesmo com a saída de Aragonés e a chegada de Del Bosque.
Na baliza Casillas é o dono absoluto das redes, e mesmo com a boa concorrência de Reina e Valdés, ou com a promessa Asenjo, a sua titularidade não está sequer ameaçada. Voz de comando e muita qualidade a comandar uma defesa forte, com sangue na guelra e experiência. Sergio Ramos e Capdevilla são laterais altos e competentes a defender, mas que sobem muito bem, criando inúmeros desequilíbrios. O habitual Puyol e o central de futuro Albiol assumem as despesas no centro.
Á frente da defesa Senna ou Xabi Alonso são o tampão às investidas adversárias, e os primeiros construtores de jogo, sempre com imenso critério na posse. Um pouco mais à frente, Xavi e Iniesta, os 'bi-campeões da Europa' (clube e selecção) e certamente uma das grandes explicações destes sucessos moldam a equipa, dão-lhe as coordenadas do futebol bonito e eficaz. Iniesta não está e nas Confederações é Fabregas quem (bem) o substitui. Também por aqui percebemos a riqueza das opções de Del Bosque. O quarto médio, que muitas vezes se adianta no terreno, tem a cultura de extremo e acelera o jogo quase sempre pelo flanco esquerdo - Riera e David Silva competem pela titularidade.
O duo da frente, dispensa apresentações. Basta dizer que a Espanha tem dois dos avançados do top-5 Mundial, são eles Villa e Torres, homens capazes de decidir jogos de um momento para o outro, e garantia de muitos golos.

No banco, o sábio Del Bosque, o homem capaz de domar os Galácticos de Madrid, comanda agora as operações. Depois do Europeu, pelo que a equipa tem jogado na fase de qualificação, os adeptos já só sonham com o Mundial 2010 na África do Sul. E se o futebol for mesmo feito de ciclos, a próxima sucessora da 'Julie Rimet' já tem um destino: Madrid.

0 comentários: