O epílogo da Taça da Liga

à(s) 02:36

segunda-feira, 23 de março de 2009


1 - Depois de dois confrontos entre os rivais lisboetas, o primeiro com clara vantagem para o Benfica, o segundo com clara vantagem para o Sporting, este seria o último tira teimas da época, entre estas duas equipas. Logo numa final, que os dois clubes atingiram com inteiro mérito.

2 - Contudo, a partida foi quase sempre equilibrada. Alguma superioridade do Benfica no final da 1a parte, e do Sporting, no início da 2a, não chegam para apontar uma equipa que no jogo jogado merecesse a vitória mais do que o adversário.

3 - Se o início do encontro deixava antever um jogo intenso, de certa forma bem jogado, e com emoção, tal não se veio a verificar. Os nervos, as quezílias, a falta de discernimento, tomaram conta dos jogadores. Algo de certa forma natural, até porque a consagração estaria à distância de 90 minutos.

4 - Paulo Bento fez o Sporting alinhar no sistema habitual, com os intérpretes ultimamente habituais. Pedro Silva à direita, Caneira à esquerda, Pereirinha no vértice interior direito do losango (Izmailov estava lesionado) e Rochemback à frente da defesa. Na frente, Liedson e Derlei, habituais pesadelos do Benfica.

5 - Por sua vez, o Benfica apresentou-se numa espécie de losango, com Ruben Amorim na esquerda e Reyes na direita (posições teoricamente alteradas devido ao pendor ofensivo dos laterais adversários, mais Pedro Silva, menos Caneira), e com Aimar nas costas de Nuno Gomes e Suazo. A primeira intenção seria encaixar no adversário.

6 - Principais destaques individuais para Rochemback (um jogo ideal para as suas características) e Moutinho (o equilíbrio de sempre, incursões ofensivas perigosas e um papel muito importante no meio-campo) no Sporting. No Benfica, Reyes (ao contrário das últimas partidas, soube conciliar a sua enorme qualidade técnica com espírito de sacrifício) e Miguel Vítor (ganhou quase sempre uma luta intensa com Derlei, e tem crescido como jogador a olhos vistos). Referência também para Quim, que embora tenha tido um ou dos erros ao longo dos 90 minutos, foi enorme nos penalties, que até nem foram assim tão mal marcados pelos jogadores do Sporting.

7 - A partida confirmou ainda que Polga continua longe do seu melhor nível, assim como Suazo, que por entre lesões, e exibições pouco conseguidas, vem demonstrando que em 2009 o Hondurenho tem sido um grande flop. O 4x4x2 losango agudiza ainda mais o facto de que é Cardozo quem deveria assumir a titularidade, ao lado de Nuno Gomes.

8 - É impossível passar ao lado da arbitragem de Lucílio Batista. Que não se esgota no lance do penalty. Sendo certo que por entre demasiadas sanções disciplinares perdoadas, o minuto 73 vai ficar na história da partida, como sendo aquele que directamente alterou o seu cariz. Erros graves, que mancharam o jogo.

9 - Se Lucílio Batista errou, Pedro Silva, mesmo tendo inicialmente a razão do seu lado, não ficou atrás. A sua primeira reacção de confrontação do árbitro não pode passar em branco, muito menos a atitude manifestamente desrespeitosa de desfazer-se da sua medalha.
Mais ainda, e mesmo compreendendo a revolta de todos os Sportinguistas, me parece excessivo e despropositado, continuar a utilizar a palavra 'roubo', principalmente da parte de alguns dos seus responsáveis. É natural e imperioso que se faça uma exposição à Liga, que o árbitro seja 'afastado' por alguns jogos, mas para bem do futebol, é importante que se continue a repudiar a premeditação que a palavra roubo tem associada.

10 - Por fim, é de lamentar que uma competição importante tenha tido um final destes. Contudo, ao contrário de alguns profetas da desgraça que certamente rejubilaram com este final, é importante que se continue a dar o valor que esta prova merece.
Por se tratar indiscutivelmente de uma competição importante pelos motivos que já anteriormente referi, pelo crescimento que revelou da primeira para a segunda edição. E que vai continuar, acredito.

11 - Uma última nota para as novas tecnologias. Com base nesta polémica, foi esta noite aproveitado, com imensa demagogia à mistura, o penalty mal assinalado por Lucílio Batista, para reforçar esta problemática. Já aqui deixei a minha opinião em relação a este assunto. E parece.me que, defender uma posição, com base num lance ultra polémico, com um tempo de paragem de jogo invulgar, tem o que se lhe diga.
Sejamos claros. Tempos de decisão como aquele não acontecem sempre, aliás, acontecem raramente. Portanto, definir os lances em que se recorreria ao vídeo, seria no mínimo polémico. Mas se os defensores das novas tecnologias acharem por bem, se acharem que se justifica, então que se invista neste equipamento para colocar no relvado. E para em casos como este, utilizar duas, três ou quatro vezes por época. Parar o jogo em cada lance duvidoso é que não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este lance, só demonstra que as novas tecnologias ajudariam muito o futebol, pois lancs como este acontecem no futebol, com um tempo de paragem muito similar.

Não vale a pena escamotear mais isto.

tecnologias são necessárias avançarem para bem do futebol e sua credibilização, antes que se torne em mais uma modalidade , como muitas de desporto...

José Lemos disse...

Com tempo de paragem similar?? Hás-de me dizer quantos...A mim parecem-me muito poucos.

Mas eu nunca disse que sou contra as novas tecnologias. Antes pelo contrário!

O que eu critico é esta espécie de cruzada. Que dá a entender que podem ser aplicadas de forma correcta, já amanhã.

Já em relação aos penalties, não concordo. Sou a favor das que venham ajudar a dissipar qualquer tipo de dúvidas. Nos penaltys já não é assim, porque mesmo após visionamento de imagens (e depois há os ângulos das mesmas que enganam bastante), ficam imensas dúvidas no ar. Isto sem falar no tempo perdido. Algo para mim impensável.