6aF chuvosa em Lisboa. No estádio do Restelo não era excepção, e esse facto podia facilmente constatar-se pelo estado do relvado. Pesado, lento, sem muita disposição para o futebol. Em campo duas equipas com estados de espírito diferentes. Os novos guerreiros do Belenenses de Pacheco, a lutar por uma segunda volta melhor, mais tranquila. O Benfica de Quique Flores, que continua a tentar encontrar-se a cada jogo que passa, e que tentava virar o campeonato na liderança.
Confesso que tentei até ao limite não criticar o espanhol. Principalmente porque lhe reconheço boas ideias e porque me revejo na sua postura, tranquila, positiva, conciliadora. O limite era a primeira volta. Onde, ao fim de 16 jogos, reconheça-se, que apesar de tudo o Benfica está a um ponto da liderança, num campeonato atípico. Mas as perspectivas, para os principais candidatos ao título parecem-me hoje diferentes.
O Porto, primeiro classificado, é uma equipa de certa forma irregular. Capaz do melhor e do menos bom. Tem debilidades importantes na defesa, mas ofensivamente é uma equipa fortíssima, criando muitas oportunidades de golo, apesar de alguma falta de capacidade para marcar o ritmo de jogo.
O Sporting é uma equipa muito equilibrada. Talvez não consiga o muito bom, mas apresenta sempre um rendimento elevado, controla bem o jogo, forte defensivamente e suficiente ofensivamente.
O Benfica não apresenta as debilidades defensivas do Porto. Mas fica muito longe do seu volume ofensivo. E depois, ao contrário do Sporting, não é propriamente uma equipa equilibrada, sendo aliás, excessivamente 'curta'.
Já inúmeras vezes foi diagnosticada (e bem) a escassez de soluções ofensivas do Benfica. Quase sempre bola parada, ou em alternativa, bola nas costas da defesa, aproveitando Suazo. O problema é que as primeiras, são um complemento fundamental no futebol actual, mas numa equipa grande não deveriam passar disso - um complemento. Quanto à segunda, toda a gente em Portugal percebeu que o Benfica joga assim, e portanto, quem defronta a equipa de Quique Flores, esforça-se por não subir em demasia a linha defensiva. Esse facto podia ser aproveitado pelo Benfica, mas há uma incapacidade gritante da equipa em controlar, em dominar o meio-campo.
Já escrevi aqui no Futebol Total, que a Quique Flores parece faltar uma maior identificação com o nosso futebol. O espanhol provavelmente ignora-o, porque continua a manter Diamantino na bancada, e não dá sinais de perceber por si a questão. No excelente Lateral Esquerdo, PB diz e muito bem acerca deste tema: 'Ter ideias e procurar desenvolve-las é positivo. Não perceber o contexto onde se está inserido, e não procurar a evolução, mesmo que isso implique alterações nas dinâmicas ou sistema, poderá ser um caminho para o insucesso'. Nada mais correcto.
Depois, há uma outra questão importante. Se de Camacho me recordo dos chavões 'ganas' e 'salir a ganar', Quique fala muitas vezes em 'dinâmica'. E é precisamente a dinâmica que falta ao sistema e ao modelo de jogo do Benfica, para que resulte em pleno. É precisamente a dinâmica que é essencial para que o 4x4x2 funcione. Pensemos em grandes equipas europeias que joguem assim. Facilmente chegamos ao Manchester United, a grande equipa europeia que mais assemelha ao Benfica no desenho táctico. Mas as diferenças são abismais. Dirá o leitor que o Benfica não tem Vidic, Evra, Carrick, Ronaldo, Rooney ou Berbatov, por exemplo. É óbvio que não tem, mas tem também bons executantes, e isso é indesmentível. Só que a grande diferença não está nos nomes, está na dinâmica. Não está principalmente na qualidade técnica, está na intensidade colocada no desafio, está no carrossel imposto, na capacidade de percorrer diferentes zonas do campo, em harmonia, sem desequilibrar a equipa.
Isto vê-se no Manchester. Obviamente que o Benfica por todas as razões e mais uma, não poderá ser o Manchester United. Mas pode melhorar a sua dinâmica. Os jogadores não podem estar tão presos a um lugar. Não pode haver tanta distância entre linhas, especialmente entre o meio-campo e o ataque. Não pode haver tanta falta de controlo do ritmo de jogo, de ter a bola, de a circular. O processo ofensivo não pode ser tão curto, tão pouco imaginativo, com falta de alguém que o conduza.
Volto a dizer, para bem da sua equipa, Quique Flores deverá fazer uma reflexão. Primeiro perceber as condicionantes e as particularidades do campeonato que disputa, a matriz orientadora da maioria das equipas. Depois, olhar para o seu plantel e características dos seus jogadores. E depois, perceber se a solução passa por alterar o desenho ou se pela complexidade do que estará a tentar implementar, a equipa precisa de mais tempo para assimilar as suas ideias. A ser este último, a verdade é que tempo e futebol não são termos convergentes. E principalmente, não se tem verificado algo importante de jogo para jogo: a evolução da equipa, e dos seus processos.
Dinâmica Quique, dinâmica!
PS:_ Cardozo tem sido um jogador claramente sub-aproveitado na equipa. Suazo é encarado como salvador da pátria, por vezes faz-me lembrar o velho Mantorras, na dependência que a equipa parece ter do hondurenho. Sidnei foi estranhamente 'encostado'. Yebda está há já alguns jogos em baixo de forma e Amorim continua a não ser testado no centro. E agora Reyes (que considero claramente o jogador mais importante deste Benfica, em processo ofensivo) foi vítima de uma espécie de 'acusação pública', que pensei já não existir nos dias de hoje. Ao treinador compete também ser o último a entrar e fechar a porta do balneário. Quique deixou-a aberta na passada 6aF. Este método não costuma dar bons resultados.
Confesso que tentei até ao limite não criticar o espanhol. Principalmente porque lhe reconheço boas ideias e porque me revejo na sua postura, tranquila, positiva, conciliadora. O limite era a primeira volta. Onde, ao fim de 16 jogos, reconheça-se, que apesar de tudo o Benfica está a um ponto da liderança, num campeonato atípico. Mas as perspectivas, para os principais candidatos ao título parecem-me hoje diferentes.
O Porto, primeiro classificado, é uma equipa de certa forma irregular. Capaz do melhor e do menos bom. Tem debilidades importantes na defesa, mas ofensivamente é uma equipa fortíssima, criando muitas oportunidades de golo, apesar de alguma falta de capacidade para marcar o ritmo de jogo.
O Sporting é uma equipa muito equilibrada. Talvez não consiga o muito bom, mas apresenta sempre um rendimento elevado, controla bem o jogo, forte defensivamente e suficiente ofensivamente.
O Benfica não apresenta as debilidades defensivas do Porto. Mas fica muito longe do seu volume ofensivo. E depois, ao contrário do Sporting, não é propriamente uma equipa equilibrada, sendo aliás, excessivamente 'curta'.
Já inúmeras vezes foi diagnosticada (e bem) a escassez de soluções ofensivas do Benfica. Quase sempre bola parada, ou em alternativa, bola nas costas da defesa, aproveitando Suazo. O problema é que as primeiras, são um complemento fundamental no futebol actual, mas numa equipa grande não deveriam passar disso - um complemento. Quanto à segunda, toda a gente em Portugal percebeu que o Benfica joga assim, e portanto, quem defronta a equipa de Quique Flores, esforça-se por não subir em demasia a linha defensiva. Esse facto podia ser aproveitado pelo Benfica, mas há uma incapacidade gritante da equipa em controlar, em dominar o meio-campo.
Já escrevi aqui no Futebol Total, que a Quique Flores parece faltar uma maior identificação com o nosso futebol. O espanhol provavelmente ignora-o, porque continua a manter Diamantino na bancada, e não dá sinais de perceber por si a questão. No excelente Lateral Esquerdo, PB diz e muito bem acerca deste tema: 'Ter ideias e procurar desenvolve-las é positivo. Não perceber o contexto onde se está inserido, e não procurar a evolução, mesmo que isso implique alterações nas dinâmicas ou sistema, poderá ser um caminho para o insucesso'. Nada mais correcto.
Depois, há uma outra questão importante. Se de Camacho me recordo dos chavões 'ganas' e 'salir a ganar', Quique fala muitas vezes em 'dinâmica'. E é precisamente a dinâmica que falta ao sistema e ao modelo de jogo do Benfica, para que resulte em pleno. É precisamente a dinâmica que é essencial para que o 4x4x2 funcione. Pensemos em grandes equipas europeias que joguem assim. Facilmente chegamos ao Manchester United, a grande equipa europeia que mais assemelha ao Benfica no desenho táctico. Mas as diferenças são abismais. Dirá o leitor que o Benfica não tem Vidic, Evra, Carrick, Ronaldo, Rooney ou Berbatov, por exemplo. É óbvio que não tem, mas tem também bons executantes, e isso é indesmentível. Só que a grande diferença não está nos nomes, está na dinâmica. Não está principalmente na qualidade técnica, está na intensidade colocada no desafio, está no carrossel imposto, na capacidade de percorrer diferentes zonas do campo, em harmonia, sem desequilibrar a equipa.
Isto vê-se no Manchester. Obviamente que o Benfica por todas as razões e mais uma, não poderá ser o Manchester United. Mas pode melhorar a sua dinâmica. Os jogadores não podem estar tão presos a um lugar. Não pode haver tanta distância entre linhas, especialmente entre o meio-campo e o ataque. Não pode haver tanta falta de controlo do ritmo de jogo, de ter a bola, de a circular. O processo ofensivo não pode ser tão curto, tão pouco imaginativo, com falta de alguém que o conduza.
Volto a dizer, para bem da sua equipa, Quique Flores deverá fazer uma reflexão. Primeiro perceber as condicionantes e as particularidades do campeonato que disputa, a matriz orientadora da maioria das equipas. Depois, olhar para o seu plantel e características dos seus jogadores. E depois, perceber se a solução passa por alterar o desenho ou se pela complexidade do que estará a tentar implementar, a equipa precisa de mais tempo para assimilar as suas ideias. A ser este último, a verdade é que tempo e futebol não são termos convergentes. E principalmente, não se tem verificado algo importante de jogo para jogo: a evolução da equipa, e dos seus processos.
Dinâmica Quique, dinâmica!
PS:_ Cardozo tem sido um jogador claramente sub-aproveitado na equipa. Suazo é encarado como salvador da pátria, por vezes faz-me lembrar o velho Mantorras, na dependência que a equipa parece ter do hondurenho. Sidnei foi estranhamente 'encostado'. Yebda está há já alguns jogos em baixo de forma e Amorim continua a não ser testado no centro. E agora Reyes (que considero claramente o jogador mais importante deste Benfica, em processo ofensivo) foi vítima de uma espécie de 'acusação pública', que pensei já não existir nos dias de hoje. Ao treinador compete também ser o último a entrar e fechar a porta do balneário. Quique deixou-a aberta na passada 6aF. Este método não costuma dar bons resultados.
2 comentários:
Antes de mais, um grande agradecimento pela referencia.
Sobre Quique, a minha opinião, é que tem muita qualidade, e que vai dar que falar como treinador. Se repararem, mts sao os jogadores que dizem q ele é mt bom, mm mt bom do ponto de vista tactico. Alguns deles, nem sequer tinham necessidade de o afirmar (Makukula, Assis e Katso, referiram-o, e os 3, sao jogadores mt inteligentes, uns c mais, outros c menos qualidade em tudo o resto).
Acho q ao Quique só falta perceber o contexto em que está inserido. As equipas em Portugal n jogam o jogo pelo jogo, e n faz sentido ter como principal argumento ofensivo, o contra-ataque...
Se conseguir percebe-lo, acredito q tem qualidade para criar novas dinamicas. Faltam combinações ofensivas que procurem o jogo apoiado, e não somente, o espaço vazio.
Para concluir, se tiver humildade para corrigir algumas ideias, poderá ser bem sucedido.
Não mudando nada... é um flop (ou por teimosia, ou por falta de percepção sobre a liga onde está)
PB,
totalmente de acordo. Tacticamente, sem dúvida que faltam as tais combinações que procurem jogo apoiado, progressão com bola, de pé para pé, triangulações, tabelas!
Em relação à última frase, penso que espelha bem a situação actual de Quique.
abraço
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