Os três 'príncipes' de Manchester

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009


Em Old Trafford moram os grandes capitães Scholes e Rio Ferdinand. Joga aquele que é provavelmente o melhor lateral-esquerdo do mundo, Patrice Evra. Mora uma espécie de guardião intemporal das balizas, Van der Sar, que actualmente já leva 11(!!) jogos sem ser batido no campeonato. Uma apache argentino cheio de garra e técnica, Carlitos Tevez. Um coreano que sabe mais de táctica que muitos italianos, Ji Sung Park. Grandes promessas do futebol como os irmãos da Silva, ou os 'nossos' Nani e Anderson. Um panzer intenso chamado Wayne Rooney. E há o melhor do mundo, Cristiano Ronaldo. Entre muitos outros. Uma constelação de estrelas liderada por um Sir, Alex Ferguson.

Qualquer um dos jogadores que falei acima era digno de figurar nesta espaço, mas tal não vai acontecer. Porque em Manchester há um Rei (Ronaldo), há um Sir, há uma história, há muitas estrelas, e nesta época há três príncipes. E as próximas linhas são para eles.

De trás para a frente, como se fazem as boas equipas, começo por aquele que considero actualmente o melhor defesa central do mundo, Nemanja Vidic. Aos 27 anos, quase três épocas depois de ter chegado do Spartak de Moscovo, quase incógnito, ainda lhe falta algum reconhecimento da comunidade futebolística, ainda algo enfeitiçada por jogadores como Puyol, Nesta e Cannavarro. Contudo, ainda está prestes a atingir a 'idade ideal' para aquela posição, e portanto ainda temos tempo para o ver melhorar ainda mais o seu jogo.
Primeiro de tudo, é praticamente instransponível no jogo aéreo. Utiliza essa facilidade muito bem nas bolas paradas ofensivas, algo que o torna num dos melhores cabeceadores do mundo. Depois, sendo certo que não tem na rapidez uma das suas principais armas, colmata esse factor com uma excepcional leitura de jogo e um muito bom posicionamento em campo. A sua impetuosidade e o seu poder de choque, são características temidas pelos avançados. Por fim, algo muito importante num defesa: não inventa, chuta para a bancada quando é preciso e sabe sair a jogar quando pode. Indiscutivelmente, merece que falem mais dele.

No meio campo, um autêntico exemplo do que é saber jogar. Recorrentemente falo em Maldini, Raúl ou Del Piero como grandes injustiçados do futebol por nunca terem vencido grandes prémios individuais. Esqueço-me muitas vezes de um, mas coloco-o praticamente no mesmo patamar. Falo de Ryan Giggs. Se quando estiverem a ver o Man Utd o procurarem na ala esquerda, já não têm grande probabilidade de vislumbrar o galês. Esse era o Giggs de antes, extremo esquerdo à moda antiga, explosivo, bola colada ao pé, qualidade de passe, cruzamentos infalíveis, bola parada com uma precisão incrível. A idade foi avançando e já não tem o mesmo vigor físico. Não perdeu a capacidade técnica e foi ganhando experiência, saber, ainda mais inteligência de jogo. Sabiamente Ferguson puxou-o para o círculo central e é esse o actual habitat de Giggs.
A seu lado um box-to-box. O galês pauta mais o ritmo da equipa. Que o procura muito quando tem dificuldades em progredir. Ainda ontem contra o WBA, três assitências para golo. Se tiverem oportunidade, vejam a que proporcionou o primeiro golo a Ronaldo. A prova que a bola ganha olhos nos seus pés, porque ele, como se diz, consegue jogar de olhos fechados. Aos 35 anos um grande exemplo de qualidade, longevidade e dedicação. Sorte dos 'Reds'.

Por fim a frente de ataque. O ponta de lança, homem mais fixo de uma equipa em constante rotação. Quem tiver dúvidas se é possível associar inteligência e futebol, veja um búlgaro de 27 anos a jogar, seu nome Berbatov. Provavelmente é o jogador da equipa que menos corre durante o jogo. Mas tenho a certeza, é o que 'corre melhor'. Um estilo 'jingão', desengoçado, mas uma qualidade técnica incrível. Não muito rápido com bola, mas rapidíssimo a pensar e a executar. Tomadas de decisão quase sempre acertadas. E depois golos, muitos golos. Misturados com assistências. Nas horas decisivas. Foi do Leverkusen para o Tottenham, mas faltava-lhe um clube gigante para expressar o seu futebol na totalidade. E tem-no conseguido em 2008/2009.

Estes três homens, e a restante equipa, não devem deixar Mourinho dormir tranquilo nos últimos tempos. Mesmo que saiba que o português adore estes desafios, que prepare as equipas como ninguém para os mesmos. Mesmo que saiba que referiu que o Inter merecia um tubarão nos oitavos da Champions. Ainda assim desconfio que o Manchester era o último dos seus desejos. E sim, tenho visto o que o super-Barça pode e sabe fazer.

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